Impulsionado por indicadores econômicos favoráveis, setor de embalagens registrou crescimento expressivo e revisou projeções para 2024; oscilações cambiais e aumento de importações chinesas são pontos de atenção.
29/08/2024 - A produção física de embalagens no Brasil alcançou seu maior nível desde o primeiro trimestre de 2021, segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre) realizado para a Associação Brasileira de Embalagem (Abre). O levantamento abrangeu diferentes tipos de materiais e destacou um crescimento significativo no setor.
Com base nesse desempenho, a projeção de crescimento da produção para 2024 foi revisada para cima, passando de 1,4% para 3,8%, no ponto médio do intervalo estimado pelo FGV Ibre, que varia entre 3,2% e 4,4%. “Isso mostra efetivamente que o primeiro semestre foi mais favorável”, afirmou Marcos Barros, presidente do conselho da Abre.
No primeiro trimestre, a produção de embalagens no país aumentou 2,7% em volume, e no segundo trimestre, esse crescimento acelerou para 4,1%. Esse desempenho superou o da indústria de transformação em geral, que registrou avanços de 1,3% e 0,9% nos mesmos períodos, respectivamente.
O crescimento robusto no setor de embalagens é atribuído a melhorias em indicadores econômicos que afetam diretamente o consumo de bens de consumo não duráveis, mercado ao qual o setor está fortemente ligado. “Os dados de hoje nos deixaram felizes e otimistas, calcados na redução do desemprego, no aumento do emprego formal e do rendimento médio real do trabalho”, comentou Luciana Pelegrino, diretora executiva da Abre.
Entretanto, a indústria de consumo tem observado com cautela o aumento de plataformas de apostas digitais, conhecidas como “bets”, principalmente entre as classes de menor renda. “Quando surge um movimento que pode descapitalizar o consumidor, e que não traz investimento e crescimento social por trás, ele preocupa”, alertou Pelegrino.
Outro fator de atenção para o setor de embalagens foi a instabilidade cambial no primeiro semestre, dado que muitos dos insumos utilizados são cotados em dólar, o que pode impactar a precificação e as políticas de preços da indústria. “A gente prevê que vai ter um processo de fricção um pouco maior, mas esse número não deve explodir e chegar a patamares muito maiores”, observou Barros. Nos últimos 12 meses até julho, os preços no mercado doméstico acumularam uma alta de 2%.
Além disso, a crescente importação de matérias-primas da China pode influenciar os preços no mercado interno, de acordo com Barros: “Tem chegado muito material da China, não só para o Brasil, mas na América Latina como um todo, isso tem também impactado um pouco alguns setores, mas são itens mais pontuais”.
O estudo revelou ainda que as importações de embalagens somaram US$ 309,2 milhões este ano, uma queda de 16,8% em comparação ao ano anterior. As exportações também recuaram, registrando uma queda de 7,6% e totalizando US$ 303,1 milhões.
Fonte: Portal Packaging
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