Impulsionada por um diferencial crescente nos custos de produção, a fibra curta tem conquistado espaço no cenário global em mercados tradicionalmente de fibra longa.
22/08/2024 - Na última semana, aconteceu a conferência Forest Products Latin America 2024, organizada pela Fastmarkets, em São Paulo. O evento abordou o cenário atual do setor de celulose, trazendo insights de economistas da companhia, em meio a novas capacidades entrando em operação neste ano.
O panorama apresentado indica que a diferença de preço entre fibra longa e fibra curta continua a crescer, impulsionada por um diferencial crescente nos custos de produção, favorecendo o uso da fibra curta em detrimento da fibra longa. Esse cenário está relacionado ao crescimento das capacidades na América Latina, investimentos impulsionados pelos custos relativamente mais baixos da madeira, principalmente na América do Sul.
Apesar dos custos cada vez mais altos com a madeira no mercado nacional, os aumentos são compensados pelo câmbio no mercado internacional. Assim, o setor de base florestal de países como Chile e Brasil oferecem custos mais competitivos que nos mercados europeu e norte-americano.
Vale ressaltar que a estrutura de custos variáveis para produtores brasileiros de fibra de eucalipto, segundo dados da Fastmarkets, tem a madeira e o transporte como dois terços dos custos totais. Além disso, a alta demanda e oferta limitada de terras disponíveis também reforçou a crescente dos preços. Segundo Paulo Hartung, presidente da Ibá, esse é um potencial de crescimento para base florestal brasileira – a conversão de terras degradadas para áreas produtivas.
MERCADO DE CELULOSE EM 2023
Em 2023, a participação dos tipos de fibra no mercado foi de 50% de fibra curta (BHK) e 31% de fibra longa (BSK), com outros tipos de fibra dividindo a fatia remanescente de mercado, somando um total de 70,1 milhões de toneladas produzidas.
Desse total, o principal end-use foi o mercado de papel tissue (41%), seguido por papéis gráficos (28%), cartões e papéis especiais (27%) e corrugados (7%).
A fibra curta somou 38,5 milhões de toneladas produzidas no último ano, direcionada principalmente a China (47%), Europa Ocidental (17%), região Ásia-Pacífico (12%), América do Norte (8%), América Latina (7%), Europa Oriental (6%) e região do Oriente Médio e África (3%).
CHINA INVESTE EM CAPACIDADE PRODUTIVA
A China – principal destino da celulose produzida na América Latina – está investindo no crescimento da capacidade produtiva de fibra curta e de produção integrada no mercado interno. Vale ressaltar que atualmente os produtores de tissue do país, principal mercado consumidor desse tipo de matéria-prima, são majoritariamente não integrados.
Adicionalmente, os volumes de importação de cavacos de madeira estão aumentando, mas os preços permanecem baixos. Conforme especialistas, o aumento da capacidade integrada na China é tanto uma maldição quanto uma bênção para os produtores de celulose de fibra de eucalipto (BEK), provavelmente levando ao aumento da volatilidade nos preços, mas também a margens médias mais altas.
Fonte: Portal Celulose
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