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Mercado de celulose: primeiro trimestre termina mais estável do que esperado, mas “guerra tarifária” pode trazer disrupções significativas


Por Gabriel Fernandez, analista independente do mercado de celulose e papel.


10/04/2025 - O primeiro trimestre de 2025, que começou de forma mais dinâmica do que o previsto, terminou com um mercado significativamente mais estável do que o esperado. As principais regiões — América do Norte, Europa e China — parecem estar em relativo equilíbrio, com diferenças mínimas entre elas para os fornecedores de celulose de fibra curta, especialmente em comparação com a segunda metade de 2024.


Os embarques de celulose branqueada de eucalipto (BEK) da América do Sul para a Europa aumentaram em comparação com a China e a América do Norte. Essa mudança está alinhada com as tendências recentes de preços, já que o mercado europeu registrou os aumentos mais significativos nos últimos meses, tornando-se mais atraente para os fornecedores. Os preços, em geral, subiram neste trimestre, após atingirem o ponto mais baixo deste ciclo em dezembro de 2024, mas ainda permanecem em níveis baixos em comparação com a média histórica.


A Shanghai Pulp Week, realizada em março, terminou sem nenhum grande acontecimento ou desenvolvimento relevante. Os participantes da indústria chegaram à China esperando movimentações no mercado, mas as incertezas geopolíticas globais continuam a atrasar decisões importantes. Embora a demanda chinesa por celulose permaneça estável e impulsione o crescimento global, as expectativas para a China tendem a ser desproporcionalmente altas, levando a um sentimento geral menos otimista. Como resultado, os fornecedores voltaram para casa com mais perguntas do que respostas — e os compradores na China compartilham da mesma incerteza.


A diferença de preço entre a celulose de fibra longa e de fibra curta, que permanece acima de US$ 200/t, está influenciando a dinâmica do mercado. A oferta de celulose de fibra longa continua restrita, sob pressão constante, embora as tendências de preços não reflitam totalmente essa tensão. Enquanto isso, a celulose de fibra curta ainda está relativamente superofertada, com estoques elevados tanto nos fornecedores quanto nos portos. Os compradores estão priorizando as compras de celulose de fibra curta em relação às de larga, impulsionados principalmente pela diferença de preços atual e pelas preocupações com riscos de fornecimento, especialmente diante do fechamento previsto de fábricas. Essa tendência pode não ser observada no Brasil, onde a participação da celulose de fibra curta em relação à de longa é maior do que em outros mercados importantes, especialmente nas fábricas de papel tissue.


No momento da redação deste artigo, a administração Trump está anunciando um novo esquema tarifário que, aparentemente, entrará em vigor na próxima semana. A principal constatação é que os produtos de celulose e papel serão impactados, mas não de forma igual para todos os casos. A celulose sul-americana estará sujeita a uma tarifa de 10%, enquanto a europeia será afetada por tarifas de até 20%.


Já a celulose canadense está incluída no acordo atual e, portanto, não deverá sofrer novos impactos, o mesmo valendo para o papel tissue do Canadá e do México. Mas, as surpresas podem acontecer ainda. As novas regras vão causar disrupções na oferta. No entanto, muitos compradores globais estão ainda mais preocupados com possíveis medidas retaliatórias dos países afetados — principalmente Canadá, México, Europa e China, embora outras nações também possam reagir.


Os Estados Unidos são um dos principais fornecedores de celulose e fibras recicladas para produtores de papel em todo o mundo, e a possibilidade de tarifas sobre papel tissue e outras categorias de papel importadas levou muitos players da indústria a adotarem uma abordagem de “esperar para ver”, desacelerando a atividade do mercado no curto prazo.


Olhando para a história recente, “guerras tarifárias” anteriores tiveram impacto limitado na indústria de celulose e papel. Os primeiros dias da primeira administração Trump, assim como os momentos de crise de fevereiro e março de 2025, acabaram sendo “muito barulho por nada”. No entanto, desta vez, o desfecho permanece incerto. Também não está claro se essas medidas serão de fato implementadas ou se haverá correções após o avanço das negociações entre os governos.


Por enquanto, todas as atenções permanecem voltadas para os próximos desdobramentos, com os mercados se preparando para possíveis disrupções.


Fonte: Portal Celulose

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