Ministro discursou em abertura da reunião do Brics, na África do Sul. As dificuldades criadas pelo aumento do protecionismo em países desenvolvidos podem servir de estímulo à diversificação da indústria no planeta, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em discurso de abertura da 15ª Reunião de Cúpula do Brics, em Joanesburgo, África do Sul, o ministro destacou que os países em desenvolvimento podem se aproveitar da fase atual da globalização para atraírem indústrias que gerem empregos qualificados.
Haddad destaca necessidade de “diversificação e pulverização” das atividades industriais no mundo Em discurso na abertura da cúpula dos líderes do Brics, na África do Sul, o ministro da Fazenda falou sobre papel do Brasil (Ministério da Fazenda / Gov)
Por Odivan Cargnin*
24/08/2023 - Nos últimos anos, temos observado um crescente interesse por investimentos sustentáveis, nos quais são considerados aspectos ambientais, sociais e de governança, alinhados com a sigla ESG amplamente mencionada. Investidores e fundos estão cada vez mais conscientes de que considerar critérios ESG é fundamental para construir um portfólio sólido e com potencial de valorização a longo prazo. Pesquisas conduzidas por consultorias renomadas têm comprovado essa tendência e fornecido insights sobre o perfil desses investidores.
Nesse perfil de investidores, existe um componente ético relevante. No entanto, também é um fato que a relação com empresas que adotam políticas e ações ESG considera os benefícios financeiros que podem proporcionar, tanto para pessoas físicas que fazem escolhas diretas, quanto por meio de fundos de investimentos verdes.
De acordo com a consultoria Ernst & Young, com base no Global Reporting and Institutional Investor Survey divulgado em dezembro do ano passado, 78% dos investidores entrevistados afirmaram que as empresas devem fazer investimentos que abordem questões ESG relevantes para seus negócios, mesmo que isso reduza os lucros no curto prazo. Além disso, 80% dos entrevistados afirmaram que muitas empresas não articulam adequadamente suas justificativas para investimentos de longo prazo em sustentabilidade, o que dificulta suas avaliações sobre eles. A PwC, em sua Pesquisa Global com Investidores 2021, também apontou que 79% dos respondentes consideram os riscos e as oportunidades ESG um fator importante na decisão de investimento.
Empresas com fortes políticas e ações relacionadas à sustentabilidade, devido aos cuidados que adotam em suas práticas, tendem a apresentar menor oscilação nos preços de suas ações, reduzindo riscos para os investidores. Além disso, têm maior probabilidade de atrair investimentos de longo prazo e fundos de investimento que levam em consideração critérios ESG, enfrentando menos obstáculos devido à sua estabilidade operacional e financeira, recursos disponíveis e continuidade em seus projetos.
No contexto do Brasil, é válido mencionar a valorização das empresas brasileiras listadas no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3, que superou a média da bolsa brasileira como um todo. Por exemplo, um levantamento realizado pelo Nubank mostra que, entre 2005 (ano de lançamento do ISE) e 2021, o ISE teve uma valorização de 315%, em comparação com a média de 273% do Ibovespa.
Ao adotarem práticas ESG, essas organizações não apenas atrairão investidores e fundos de investimento comprometidos com valores sustentáveis, mas também fortalecerão sua performance operacional, posição financeira e a confiança do mercado. No entanto, é necessário ter ciência de que estarão sob a análise de investidores com perfil cada vez mais atento e exigente nas áreas ambiental, social e de governança.
Nesse sentido, é crucial analisar temas como o greenwashing, por exemplo, que resulta no efeito contrário ao de uma empresa realmente comprometida com a sustentabilidade, minando a confiança dos investidores e comprometendo a integridade do mercado de investimentos sustentáveis. Investidores e fundos devem estar atentos a sinais e buscar empresas que demonstrem um compromisso genuíno com a sustentabilidade. Isso envolve analisar não apenas as declarações de intenção, mas também as práticas e resultados concretos das empresas.
Felizmente, existem iniciativas e ferramentas disponíveis para ajudar os investidores a avaliar a credibilidade das empresas em relação ao ESG, como os Relatos Integrados, que devem ser emitidos de acordo com as normas da CVM e passar por auditoria, além dos ratings ESG de empresas de renome. É fundamental que os investidores adotem uma postura crítica em relação a supostas ações de sustentabilidade.
Nesse novo cenário de investimentos, a transparência e a responsabilidade são elementos-chave para atrair e manter investidores comprometidos com a sustentabilidade. À medida que mais empresas e investidores se envolvem em práticas autênticas de ESG, o mercado financeiro se fortalece, promovendo um desenvolvimento econômico mais equilibrado e uma sociedade mais consciente.
*Artigo escrito por Odivan Cargnin, Diretor de Administração, Finanças e
Relações com Investidores da Irani
Fonte: IRANI
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