Foto: Google Street View/Reprodução
Um dia após a vitória contra Kamala Harris, O TEMPO mostrou que havia uma apreensão do setor industrial com as medidas impostas por Trump.
Por Simon Nascimento
21/01/2025 - A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) mudou de ‘humor’ em relação ao novo governo de Donald Trump, empossado presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira (20). Após um pessimismo inicial, a entidade informou que a gestão do Republicano traz desafios, mas, sobretudo, oportunidades ao Brasil. Em comunicado à imprensa, a federação citou possibilidades, por exemplo, em uma possível guerra comercial dos norte-americanos contra a China.
A visão mais otimista da Fiemg segue a movimentação da economia mineira e nacional. Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do estado, somando US$ 3,11 bilhões em 2024 - mesma posição ocupada a nível nacional. Um dia após a vitória contra Kamala Harris, O TEMPO mostrou que havia uma apreensão do setor industrial, já que Trump, na campanha, prometeu aumentar tarifas entre 10% e 20% sobre praticamente todas as importações dos EUA, incluindo as que vêm de países aliados, e em pelo menos 60% sobre as da China.
À época, a analista de negócios internacionais da Fiemg, Veronica Winter, afirmou que o cenário exigia uma busca por diversificação dos mercados para ampliar as parcerias comerciais mineiras. Todavia, em comunicado desta segunda-feira, a Fiemg afirmou que no primeiro governo de Trump, entre 2017 e 2020, houve tentativas de sobretaxar as importações.
Contudo, segundo o setor industrial, em alguns casos foram criadas cotas de exportação que mantiveram a continuidade na venda de produtos brasileiros aos EUA, enquanto em outros exemplos as medidas acabaram revogadas em função de necessidades do mercado nos Estados Unidos.
“A própria indústria estadunidense passou a pressionar o governo para flexibilizar as medidas protecionistas, o que coloca em cheque a real possibilidade de uma taxação mais agressiva aos produtos exportados pelo Brasil”, comentou Winter, que citou também uma “dependência da indústria estadunidense dos insumos exportados pelo Brasil”.
EUA X China
Em relação à possível guerra comercial entre Estados Unidos e China, com o interesse de Trump de endurecer regras de importação de produtos asiáticos, Verônica Winter acredita que há benefícios em ambos os mercados. A China é hoje o principal parceiro comercial do Brasil e também de Minas Gerais.
“Com a escalada do conflito comercial, parte da gigantesca demanda desses países pode ser suprida por produtos brasileiros. Para a grande maioria dos produtos, uma pequena parcela do mercado que o Brasil possa tomar destes gigantes, já será um aumento substancial em nossas exportações”, destacou.
Para o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, porém, há a necessidade de o Brasil buscar um acordo bilateral com os Estados Unidos. A tratativa seria uma estratégia para mitigar os impactos de uma eventual guerra comercial entre EUA e China.
De acordo com Roscoe, a medida traria vantagens competitivas para o Brasil ao fortalecer as relações comerciais e estimular o comércio exterior com os norte-americanos, segundo maior parceiro comercial do país, atrás apenas da China.
“Os Estados Unidos ainda são o maior detentor de investimentos no Brasil e no mundo. A correlação entre as empresas facilita e muito a plataforma de exportações. Caso essa guerra comercial com a China realmente se confirme, um acordo bilateral que reduzisse alíquotas e desse vantagens competitivas aos produtos brasileiros seria muito positivo. É algo que o governo brasileiro deve estar atento e perseguir, pois há uma grande oportunidade nesse cenário”, afirmou Roscoe.
Ainda segundo o presidente da Fiemg, o impacto de um acordo dessa natureza poderia beneficiar diretamente diversas cadeias produtivas nacionais que atualmente abastecem empresas norte-americanas. Ele destacou que iniciativas nesse sentido seriam estratégicas para fortalecer a indústria brasileira em um cenário global competitivo e que a guerra entre EUA x China é uma oportunidade para o setor da indústria.
“Para nós, é uma oportunidade. Quando essa rivalidade acontece entre os dois maiores exportadores do mundo, surge espaço para a indústria brasileira. Vejo como um cenário positivo para a gente exportar para um ou para outro”, concluiu Roscoe.
Sobre a mudança de entendimento sobre o governo Trump, a Fiemg afirmou que "entendeu melhor o cenário a partir de um levantamento inclusive das medidas do primeiro governo Trump".
Fonte: jornal O Tempo
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